segunda-feira, 29 de junho de 2009

Luzes do Oceano

LUZES DO OCEANO
Danilo Queiroz da Costa




Noite escura, sem céu nem estrelas. Uma noite de ardentia. Estava tremendo. O que seria desta vez? A resposta veio do fundo. Uma enorme baleia, com o corpo todo iluminado, passava exatamente sob o barco, quase tocando-lhe o fundo. Podia ser sua descomunal cauda, de envergadura talvez igual ao comprimento do meu barco, passando por baixo, de um lado, enquanto do outro, seguiam o corpo e a cabeça. Com o seu movimento verde fosforescente iluminando a noite, nem me tocou, e iluminada seguiu em frente. Com as mãos agarradas na borda, estava completamente paralisado por tão impressionante espetáculo— belo e assustador ao mesmo tempo. Acompanhava com os olhos e a respiração seu caminho sob a superfície. Manobrou e voltou-se de novo, e, mesmo maravilhado com o que via, não tive a menor dúvida: voei para dentro, fechei a porta e todos os respiros, e fiquei aguardando, deitado, com as mãos no teto, pronto para o golpe. Suavemente tocou o leme e passou a empurrar o barco, que ficou atravessado a sua frente. Eu procurava imaginar o que ela queria

De dentro do barco eu escutava grunhidos. O som da água deixando seu respiradouro. A madeira rangendo apenas ao seu toque. Um vento forte soprou e levantou ondas muito fortes, que jogaram a enorme criatura contra o barco. Algumas tábuas cederam, abrindo buracos no casco. De repente percebi que não tinha muito tempo. Apesar de buracos pequenos, muita água entrava neles, logo peguei pregos, martelo e madeira, e pensei:

- É melhor resolver isso logo, e depois resolver os assuntos pendentes.

Após consertar o buraco, peguei uma bolsa cheia de arpões e subi no convés. Lá, observei a grande baleia nadando, logo percebi que um líquido vermelho se sobressaia sob seu lindo brilho. Um salto, e várias criaturas apareceram agarradas em sua pele sangrando. Então entendi a situação, peguei o arpão pontiagudo e o lancei, acertei em cheio entre os olhos de um tubarão, os outros soltaram a bela criatura e começaram a despedaçar o barco, um a um eram abatidos por minhas afiadas lanças do mar. Até que apareceu o “macho alfa”. O gigante recebeu um, dois, até três arpões e não caiu. Foi quando um enorme sombra apareceu, era a baleia novamente que esmagou o grande animal. Mesmo ensangüentada, continuava forte e saudável e com meu barco despedaçado, me levou para terra firme onde nos separamos.

Espero um dia ver esse louvável animal novamente.

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